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Tecnologia e design: a submissão ao virtual

  • Foto do escritor: Yasminn Ferreira
    Yasminn Ferreira
  • 19 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura

O presente texto discorre por uma reflexão acerca da mudança nos meios de trabalho pós revolução industrial e na era digital, direcionando apontamentos e opiniões que giram em torno do universo da profissão do designer, suas mudanças e limitações.


No período datado da segunda metade do século XVIII, acontecia no mundo um evento histórico, que subitamente mudou nossa forma de viver, pensar e agir. A revolução industrial foi um movimento impulsionado pela mudança tecnológica e maquinaria de sua época, este em questão implantou um novo sistema de trabalho, que se espalhou pelo mundo. Hoje, observa-se com clareza que os seus avanços são notórios na sociedade, vivemos de uma maneira que segue padrões industriais estabelecidos no mundo capitalista. Entretanto, no meio desse “adaptar-se”, mudanças, desigualdades, alterações de movimentos, funções, criações de profissões, e o não existir de outras, estabelecemos uma ponte no futuro: a criação da internet. 


Inicialmente, quando criada em 1960, o objetivo da existência da internet era militar, mas o avançar do tempo fez com que esse feito se integrasse e fizesse parte da nossa vida, relações e nossos modos de trabalhar. Pensando sobre, indaga-se acerca do papel do designer antes e depois da internet. 


“Boa parte da história do design passa pela configuração de redes, crescentemente complexas.” (Cardoso, 2012)


Para nos situarmos nesse momento, antes, no mundo do design existia fortemente uma limitação material e tecnológica. Sendo o design em si, um objeto de estudo privilegiado, poucos tinham acesso a criação de objetos, materiais, conhecimentos e trocas nesse meio. Porém, quem o fazia, tinha acesso ao fazer manual, em uma época que essas habilidades eram mais valorizadas. 


“A nova forma de poder reside nos códigos da informação e das imagens (...)” (Castells, 1999). Essa reflexão do renomado sociólogo nos traz para uma realidade onde o trabalho do designer está submetido, em sua maioria de tempo, a um trabalho virtual, em frente às telas. O panorama que encontramos hoje, é diferente do passado, em questões boas, a respeito de termos de acessibilidade e quem pode fazer o design hoje. Os conhecimentos e as áreas do design são bem mais acessíveis, e as redes nos dão uma certa liberdade para aprender e se mergulhar num mundo de referências, imagens, e códigos. Porém, o nosso trabalho está sempre numa linha tênue dos benefícios da internet e seus prejuízos. 

 

“Hoje, para o mal e para o bem, não conseguimos mais escapar da onipresença da rede virtual que apelidamos de internet. Mesmo quem não tem acesso direto a ela – o que é a maioria dos habitantes do planeta – é governado por instituições e agências que operam por meio dela, os quais são cada vez mais regidos por sua lógica e regras peculiares. “  (Cardoso, 2012)


Como é citado, a internet está em todas as coisas, e com o tempo, acabamos submetendo todo o nosso criar em cima de ferramentas que são tecnológicas, deixando de certa forma de lado o fazer manual, e isso nos prejudica diretamente no nosso trabalho digital. Mas por que? Penso que a questão do fazer material, e o adquirir referências fora do mundo digital é de suma importância para que nosso trabalho não se “encaixote” em determinadas regras, padrões, e “modas” que não exploram o máximo da nossa criatividade, um cenário que tinha mais chances de acontecer em algum lugar do passado. 


“No mundo industrial, tudo é interligado. Cada vez mais, o esforço é para manter e refinar as conexões entre as redes e entre as partes de cada rede. À medida que elas vão sendo integradas, surge uma grande rede abarcando todas as outras – a de informação.” (Cardoso, 2012)


Dessa forma, é necessário questionar nosso próprio modo de produção, nossos limites dentro da profissão e até onde a internet deve ir na nossa própria vida, e rede. Para continuar fazendo uso e adquirindo repertórios, experiências, conhecimento e redes, é importante voltar também para o mundo real, fazendo uma manutenção do que devemos trazer para nosso trabalho, como a falta de internet influencia nisso e como pode ajudar.


Absinthe Robette - Henri Privat-Livemont




Texto desenvolvido por Yasminn Ferreira dos Santos para a disciplina Teoria do Design - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Design - 2024.


Referências


CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. São Paulo, Ed. Paz e Terra, 1999. 

CARDOSO, Rafael. Design para um Mundo complexo. São Paulo: Cosac Naify, 2012.


 
 
 

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